Um estado longíquo, a uma milha de distância e milhares
de km luz do fundo da alma…
Encontrei esta história sombreada pelas ondas do oceano
que batiam na areia, em um dia em que o sol estava sombreado de nuvens negras e
que cobriam a vastidão que eu observada se mesclando de azul.
Sentia no corpo o vento à esvoaçar minhas vestes, as
primeiras gotas a me tocar a face sem forma e o ondular do oceano a me banhar
os pés.
Me pergunto ainda hoje o que aquilo me quis dizer, o
que de verdadeiro havia no que descobri aquele dia ou o quanto nós mesmos
sabemos sobre nosso próprio destino.
Nada nos prende, exceto as amarras que cada um se quer
dar e naquele momento de que adiantaria eu correr e me proteger de mais aquela
tempestade? O que de fato comigo eu levaria ou perderia que não pudesse ser
reconstruído ou substituído?
Quem fazem as pessoas que realmente somos?
Nada mais eu tinha a perder naquela tarde, nada, era
apenas mais uma chuva… Não me recordo o tempo que eu parei para observar o mar,
para sorver a brisa que me açoitava o corpo ou quando eu mesma me joguei sobre
a areia em um suspiro de alívio.
Abrindo os braços e fitando o céu anuviado que insistia
em chover a cada segundo, eu podia sentir, como se daquilo lhe dependesse a
vida, como se nada mais naquele momento importasse tanto ou tivesse volta.
Eu apenas me deixei levar com a tempestade que parecia
piorar a cada segundo, levando com ela a vontade de me afastar, trazendo o mar
para perto de mim: envolvendo meu corpo até que me vi flutuando para longe da
praia.
Nada no mundo poderia me explicar. Nada no tempo em que
eu tivesse emergindo poderia apenas me dizer o que nem eu mesma nem queria mais
saber…
Batendo em algum lugar sobre o frio que agora eu sentia
no corpo, havia algo talvez tão insensível quanto eu, incomodo, desafiando-me a
ignorar aquilo, a simplesmente me deixar levar.
Um tempo depois eu simplesmente meus olhos abri, eu não
queria mais sentir, eu queria jogar o que quer que me tivesse incomodando
porque a minha própria dor já não me deixava viver.
Era uma garrafa.
Uma garrafa com algo dentro enclausurado por uma rolha
de madeira. E quão idiota naquele instante eu me senti, quão crédula de que
fosse algo importante, na certa era mais algum tolo a acreditar em fantasias… E
será que ele não percebia que a fantasia estava a minha frente?
Abria-a.
Era o sarcasmo que me anuviava a visão e a ironia de
poder me dizer que eu não seria mais uma.
Escritas em letras miúdas, quase imperceptíveis haviam:
eu espero você.
“Eu espero você se
acalmar, eu espero o que estiver vivendo passar. Porque é apenas uma
tempestade, apenas mais uma tempestade em sua vida e eu sei que o sol não tarda
a surgir e quando se cansar de boiar na maré basta apenas: minhas pegadas
seguir.
Eu já disse eu te
amo uma vez. E eu não me arrependo de cada palavra que eu disse, mas meu amor,
cada amor é apenas amor enquanto ele se viver, assim como não se podem contar
as areias desse mar, eu não posso contar o quanto eu talvez esperei por você…”
Quantas vezes eu poderia amar? Quantas vezes eu iria
dizer que não era amor? Quantas vezes eu ainda me deixaria tragar nesse mar? E
mais importante: quantas vezes eu voltaria a seguir pela praia até encontrar a
pessoa que me escreveu aquela carta?
Não sei quando ou como, quem encontrar este pedaço de carta
numa garrafa a boiar no oceano, vai ser ou viver. Para encontrar: siga as
pegadas, mas mais importante não tenha medo de ir atrás, porque apesar de toda
a dor, talvez isso seja apenas viver.
Não sabemos quanto
tempo cada um tem pra viver
Quantos segundos
marcam e antecedem cada escolha
Cada palavra de
vida que cada um vai escrever
Ou quanto de cada
livro cada um vai descobrir
Sei que cada um faz
suas próprias escolhas
Cada um é senhor do
próprio destino
Não há amores que
não sejam eternos
E nem caminhos que
não encontre-se uma saída!
Quando nas minhas
palavras não encontrar as respostas
Quando na ausência
se perguntar por minha presença
Meu amor se lembre
eu e você fazemos nossas escolhas
E neste momento eu
vou atrás das suas pegadas
Porque descobri
enfim o dono da minha garrafa…
Descrições gritam Day.
ResponderExcluirÉ bom pensar que algo tão pouco provável pode acontecer e salvar-nos ou salvar o nosso dia.
Lindo =)