Simplesmente lindo, como a mais bela amizade

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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Tempestade sobre o oceano




Um estado longíquo, a uma milha de distância e milhares de km luz do fundo da alma…

Encontrei esta história sombreada pelas ondas do oceano que batiam na areia, em um dia em que o sol estava sombreado de nuvens negras e que cobriam a vastidão que eu observada se mesclando de azul.
Sentia no corpo o vento à esvoaçar minhas vestes, as primeiras gotas a me tocar a face sem forma e o ondular do oceano a me banhar os pés.
Me pergunto ainda hoje o que aquilo me quis dizer, o que de verdadeiro havia no que descobri aquele dia ou o quanto nós mesmos sabemos sobre nosso próprio destino.
Nada nos prende, exceto as amarras que cada um se quer dar e naquele momento de que adiantaria eu correr e me proteger de mais aquela tempestade? O que de fato comigo eu levaria ou perderia que não pudesse ser reconstruído ou substituído?
Quem fazem as pessoas que realmente somos?
Nada mais eu tinha a perder naquela tarde, nada, era apenas mais uma chuva… Não me recordo o tempo que eu parei para observar o mar, para sorver a brisa que me açoitava o corpo ou quando eu mesma me joguei sobre a areia em um suspiro de alívio.
Abrindo os braços e fitando o céu anuviado que insistia em chover a cada segundo, eu podia sentir, como se daquilo lhe dependesse a vida, como se nada mais naquele momento importasse tanto ou tivesse volta.
Eu apenas me deixei levar com a tempestade que parecia piorar a cada segundo, levando com ela a vontade de me afastar, trazendo o mar para perto de mim: envolvendo meu corpo até que me vi flutuando para longe da praia.
Nada no mundo poderia me explicar. Nada no tempo em que eu tivesse emergindo poderia apenas me dizer o que nem eu mesma nem queria mais saber…
Batendo em algum lugar sobre o frio que agora eu sentia no corpo, havia algo talvez tão insensível quanto eu, incomodo, desafiando-me a ignorar aquilo, a simplesmente me deixar levar.
Um tempo depois eu simplesmente meus olhos abri, eu não queria mais sentir, eu queria jogar o que quer que me tivesse incomodando porque a minha própria dor já não me deixava viver.
Era uma garrafa.
Uma garrafa com algo dentro enclausurado por uma rolha de madeira. E quão idiota naquele instante eu me senti, quão crédula de que fosse algo importante, na certa era mais algum tolo a acreditar em fantasias… E será que ele não percebia que a fantasia estava a minha frente?
Abria-a.
Era o sarcasmo que me anuviava a visão e a ironia de poder me dizer que eu não seria mais uma.
Escritas em letras miúdas, quase imperceptíveis haviam: eu espero você.
“Eu espero você se acalmar, eu espero o que estiver vivendo passar. Porque é apenas uma tempestade, apenas mais uma tempestade em sua vida e eu sei que o sol não tarda a surgir e quando se cansar de boiar na maré basta apenas: minhas pegadas seguir.
Eu já disse eu te amo uma vez. E eu não me arrependo de cada palavra que eu disse, mas meu amor, cada amor é apenas amor enquanto ele se viver, assim como não se podem contar as areias desse mar, eu não posso contar o quanto eu talvez esperei por você…”
Quantas vezes eu poderia amar? Quantas vezes eu iria dizer que não era amor? Quantas vezes eu ainda me deixaria tragar nesse mar? E mais importante: quantas vezes eu voltaria a seguir pela praia até encontrar a pessoa que me escreveu aquela carta?
Não sei quando ou como, quem encontrar este pedaço de carta numa garrafa a boiar no oceano, vai ser ou viver. Para encontrar: siga as pegadas, mas mais importante não tenha medo de ir atrás, porque apesar de toda a dor, talvez isso seja apenas viver.
Não sabemos quanto tempo cada um tem pra viver
Quantos segundos marcam e antecedem cada escolha
Cada palavra de vida que cada um vai escrever
Ou quanto de cada livro cada um vai descobrir
Sei que cada um faz suas próprias escolhas
Cada um é senhor do próprio destino
Não há amores que não sejam eternos
E nem caminhos que não encontre-se uma saída!
Quando nas minhas palavras não encontrar as respostas
Quando na ausência se perguntar por minha presença
Meu amor se lembre eu e você fazemos nossas escolhas
E neste momento eu vou atrás das suas pegadas
Porque descobri enfim o dono da minha garrafa…

Um comentário:

  1. Descrições gritam Day.
    É bom pensar que algo tão pouco provável pode acontecer e salvar-nos ou salvar o nosso dia.

    Lindo =)

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